quarta-feira, 3 de março de 2010

Aposta no Ensino Profissional

Diante dos diagnósticos preocupantes que indicam os elevados níveis de abandono escolar e da fraca retenção de conhecimentos dos alunos que completam o ensino obrigatório, a resposta política adequada deve confrontar ambos os problemas. É preciso fazer da escola profissional e técnico-profissional, no nível secundário, a grande prioridade do ensino em Portugal. Têm de se afastar fantasmas, tabus e preconceitos ideológicos. Trata-se do meio mais eficaz de combate ao abandono escolar e de elevação social, dotando as nossas crianças e jovens de ferramentas de trabalho e preparação apropriada para entrar no mercado de emprego.
A Escola tem de responder às necessidades dos alunos que, por qualquer razão, não possam ou queiram seguir a via académica tradicional. Tem de lhes transmitir saberes e competências para as quais existe um maior acolhimento e recompensa no mercado de trabalho.
Esta aposta no ensino técnico-profissional que proponho não cria qualquer segregação entre alunos de primeira e alunos de segunda. Qualquer aluno que seguisse uma via técnico-profissional, não renunciaria definitivamente a transitar no futuro para a via mais propriamente académica.
O modelo de escola que hoje temos abandona estes alunos à sua sorte. Assim, a Escola nunca será o que deve ser numa sociedade democrática: um motor da mobilidade social. O modo mais eficaz de criar verdadeira igualdade de oportunidades.

Paulo Rangel

1 comentário:

  1. Concordo.
    Ao longo das últimas dezenas de anos, as políticas do Ministério da Educação, gerido pelos vários governos, manifestaram um total amadorismo, com sucessivos ensaios de “reforma”, cada um deles mais absurdo que o antecedente, mas possuindo todos como vector comum, a indigência, o arrivismo e o mais completo desajuste com a realidade.
    Insistem as políticas educativas em tratar por igual o que é desigual. Nem todos os alunos possuem as mesmas capacidades intelectuais. Há que perder complexos e assumir de vez a existência destas desigualdades, que derivam mais das características pessoais de cada aluno do que do meio de onde provêm (como as velhas politicas materialistas pretendiam fazer crer). Assim, faria todo o sentido a existência de um ensino diversificado a partir do sexto ano. Um ensino mais teórico e científico para alguns, um ensino mais prático para outros. E seria a escola a proceder a esta separação. Seguramente que o abandono escolar seria muito mais reduzido sem a exigência aos alunos com menores capacidades para aprendizagens científicas e teóricas a frequência de aulas que em nada os despertam ou motivam. Continuar-se com esta massificação da aprendizagem é que não ajuda nem favorece ninguém.

    ResponderEliminar

Obrigado pelo seu comentário.