domingo, 21 de março de 2010

Libertar o futuro (5)

Todo o verdadeiro projecto político depende de uma ocasião histórica que o convoque. Esta hora exige um PSD à altura das suas responsabilidades. Não podemos chegar atrasados. A situação dramática que o País atravessa não se compadece com ilusões, com adiamentos, nem com a procura vã de falsos consensos.

Vivemos um momento que nos obriga a tomar consciência da realidade e ao mesmo tempo que apela à nossa coragem, à nossa energia, à nossa inteligência e à nossa criatividade. É o País que nos chama.
Um País que vai empobrecendo lentamente e onde cerca de dois milhões de pessoas não têm acesso às mínimas condições de vida.

Um País subjugado ao peso da dívida e onde as aspirações e projectos de vida de cada um são cada vez mais irrealizáveis.

Um País assolado pelo desemprego, onde as aspirações das novas gerações estão cada vez mais limitadas e os pais temem pelo futuro dos filhos.

Um País em que os trabalhadores não vêem recompensados os seus melhores esforços e os empresários se vêem cercados por labirintos burocráticos e receiam investir.

Um País com as suas instituições fragilizadas e os horizontes fechados.

Um País que vai perdendo todos os dias a confiança nos governantes.

Um País onde as pessoas se sentem cada vez mais isoladas e os mais vulneráveis estão entregues a si próprios.

Um País onde o Estado absorve mais de metade dos nossos recursos e apesar disso é lento e ineficiente em áreas essenciais de soberania como a Justiça.

Um País cujo Estado se intromete onde não deve e não cumpre o que é necessário.

Um País cada vez mais desigual e com bolsas extensas de pobreza e exclusão social.

Um País ossificado e estagnado, desmoralizado e abatido.

Um País sem instituições públicas sólidas nas quais os cidadãos sintam poder confiar como garantes de liberdade e prosperidade.

Um País que todos os dias se esvazia do seu maior tesouro que é a sua gente, que parte para o estrangeiro em busca do que uma sociedade paralisada lhe negou.

Um País à deriva na tempestade, sem líderes nem rumo.

Este longo Inverno é o Inverno do nosso descontentamento.

Mas é também um País que percebe a necessidade urgente de uma ruptura.

O País olha para o PSD, como principal partido da oposição, em busca de uma alternativa política clara à governação socialista. Uma alternativa em que o País se reveja e que o mobilize. Uma alternativa que traga de novo a esperança. A gravidade da situação nacional exige-a.

in Moção de Estratégia Global de Paulo Rangel "Libertar o Futuro"

2 comentários:

  1. Uma vez mais, o PSD irá desaproveitar a oportunidade histórica de se constituir numa verdadeira alternativa às políticas da governação socialista. Qualquer dos dois candidatos melhor colocados à liderança do PSD, lidos a “Moção de Estratégia Global” de Paulo Rangel e o livro “Mudar” de Pedro Passos Coelho, não encarnam e não apresentam uma verdadeira alternativa política, nem de “ruptura” nem de “mudança”, como as suas candidaturas anunciam.
    Uma candidatura que invertesse as políticas neoliberais de Sócrates, na Saúde, na Educação e na Justiça. Cujo equilíbrio das contas publicas não fosse alcançado à custa de cortes nas Funções Sociais do Estado ou do aumento dos Impostos dos trabalhadores e da classe média. Uma candidatura que acreditasse nos ideais da Social-Democracia e colocasse em pratica os seus princípios e interrompesse desse modo o continuado agravamento económico e social do País.
    Paulo Rangel é claro quando firma: “finalmente, o mito da imutabilidade dos mecanismos de protecção social tem prolongado na sociedade portuguesa uma verdadeira ilusão de “status-quo” das políticas sociais…”, ou “tornam-se igualmente necessárias políticas de forte contenção salarial na função pública”…, ou “no lado da receita, são necessários novos modelos de financiamento, nomeadamente através de privatizações…” ou ainda “não podemos ficar agarrados aos velhos cânones e às exaustas soluções históricas da social-democracia clássica, desenhadas num contexto histórico marcadamente diferente”. Tudo para a “construção de uma sociedade decente” seja lá o que isto quer dizer. Pedro passos coelho por seu lado com a mesma clareza enuncia os seus propósitos “"Eu concordo com este princípio de acabar com a universalidade na área da saúde e não só".
    No fundo, o que Paulo Rangel e Passos Coelho criticam em Sócrates, não são as “reformas” que resultam em cortes nas políticas sociais, nem o congelamento de salários da função pública, nem as privatizações, nem tão pouco o seu neoliberalismo económico e social. O que na verdade os candidatos do PSD criticam, é a falta de eficácia das “reformas” ensaiadas pelo governo de Sócrates, o que constitui uma “alternativa” muito modesta, uma alternativa disposta apenas a gerir a crise, mas não a ultrapassar a crise, o que estará muito longe de uma verdadeira e mobilizadora alternativa ao governo. Lamentavelmente, seguem as pisadas dos seus antecessores - “o Estado não pode ter o monopólio da Saúde, Educação e Segurança Social, o Estado deve sair do ambiente, das comunicações, dos transportes, dos portos, e na prestação do Estado Social deve contratualizar com os privados” (Filipe Menezes); "A política da saúde vai ter muita dificuldade em ser financiada da forma como é. Considero que o SNS gratuito ou tendencialmente gratuito para todos é um aspecto que provavelmente vai ter que ser revisto" (Ferreira Leite).
    Nada de novo portanto. Perde assim o PSD a oportunidade de afirmar a sua matriz social-democrata e constituir-se numa verdadeira alternativa de governo, numa mudança, numa ruptura coma as políticas neoliberais de desenvolvimento económico que, como a recente crise financeira, económica e social provou, têm provocado nas últimas décadas a par de fracos e sempre decrescentes crescimentos económicos as maiores e sempre crescentes desigualdades sociais.

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  2. O Dr. Paulo Rangel apresenta uma moção de estratégia com um conjunto de ideias de ruptura e em que é notório um pensamento e uma reflexão pessoais. Todas as grandes rupturas nascem de um sonho pessoal, embora, naturalmente, partilhado e capaz de agregar cada vez mais pessoas.
    É curioso notar que as outras candidaturas apresentam moções de continuidade do "Status Quo" e que são autênticas "mantas de retalho", produto de contribuições variadas e díspares, sem um líder e sem um "sonho".
    Depois de ouvidos os vários candidatos e mesmo, alguns candidatos a candidatos, torna-se evidente que O PSD poderá, mais uma vez, ser o motor da ruptura de que Portugal tanto precisa. O Dr. Paulo Rangel é o líder de que Portugal precisa. É fundamental que os militantes do PSD o percebam e o demonstrem no dia 26 de Março.
    Não podemos falhar neste momento histórico de País. As próximas gerações exigem-no.

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